terça-feira, junho 19, 2007

Farid Ud-din Attar


A propósito do espectáculo da Companhia Portuguesa de Bailado, no Cine-Teatro S. João, em Palmela,coreografado por Vasco WellenKamp (post anterior) houve algo que me despertou à pesquisa de Farid Ud-din Attar e do seu poema - Conferência dos Pássaros ou Linguagem dos Pássaros. Existe na Fnac; talvez só por encomenda. Acho que, pela sinopse e recolha, abaixo, valerá a pena conhecer.

Pouco se sabe sobre Farid ud-Din. Nasce na Pérsia (Neishapur)onde, hoje é o Irão, em 1142 o morre em 1220 e herda o ofício de perfumista ou farmacêutico (Attar - nome de ofício incorporado no nome).
Converte-se à mística islâmica ou Sufismo que é a dimensão esotérica da tradição muçulmana. Segundo a Filosofia toda a religião possui duas dimensões, a exotérica e a esotérica. A primeira diz respeito à "acção" e a segunda à "contemplação"; a primeira às leis e ordenamentos exteriores; a segunda, à interioridade e à mística.

O poema místico, composto por quatro mil seiscentos e quarenta e sete versos, de Farid ud-Din Attar começa quando todos os pássaros do mundo se encontram para iniciar a sua busca por um rei. Consiste num grupo de histórias entrelaçadas durante essa peregrinação. O caminho do sufi é mostrado aqui em contos, muitas vezes enigmáticos. No entanto, o poema faz a abordagem de temas como o amor e a busca pela unidade divina, "transformando fé em poesia”.

Trata-se de uma verdadeira viagem pois a alegoria nunca apaga a precisão terrestre das personagens nem dos objectos. Mas é também uma travessia das aparências, uma viagem de encontros. É um “Mistério”, como os que se celebravam em Elêusis ou no Egipto.No fim da sua obra, muito consciente do seu génio, Attar escreveu «Aquele que não sentiu o perfume do meu discurso não teve o mínimo acesso no caminho dos amantes».